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15 de nov. de 2016

Sabia? Globo e Record estão em guerra após vitória de Crivella e internet passa a incomodar


Apesar da guerra entre Globo e Record, batalha pela audiência já está além das disputas entre emissoras de TV. Dados mostram que a internet é uma ameaça crescente à programação televisiva tradicional. Um youtuber nordestino já deixa o Jornal Nacional para trás, com vídeos com mais de 10 milhões de visualizações cada.

A Folha de S. Paulo na quarta (9) publicou uma matéria sobre como a eleição de Marcelo Crivellamarca o início de mais uma batalha entre Rede Globo e Record no Rio de Janeiro, revelando dados de audiência das duas emissoras que mostram o potencial da internet – e a consequente iniciativa das empresas de telecomunicações de limitar a banda larga fixa, vendendo para os domicílios o mesmo modelo de consumo disponível hoje para a internet móvel.

A reportagem sugere que Crivella pode causar uma retração nos lucros do Grupo Globo se decidir romper algumas parcerias que a empresa tem com a prefeitura há alguns anos. O montante envolvido é da ordem de R$ 132 milhões, que foi o que o Paço do Rio pagou à Fundação Roberto Marinho, que encampa obras de caráter cultural na cidade, e ao Infoglobo, que realiza eventos em várias áreas. Esse valor não inclui pagamentos por publicidade.

“A continuidade das parcerias depende de Crivella, que chamou a emissora de TV do grupo de ‘inimiga jurada’ de sua candidatura’“, escreveu a Folha, que também acrescentou que, por trás do conflito há uma disputa entre Globo e Rede Record, ligada à Universal, igreja da qual o prefeito eleito – mesmo após ataques dos grandes grupos de mídia na reta final da eleição – é bispo licenciado.

À parte a hipótese de o Grupo Globo ter suas finanças chacoalhadas no Rio a depender das decisões de Crivella, a emissora ainda tem de lidar com o crescimento da Record.

Segundo o PNT (Painel Nacional de Televisão), que mede cada ponto na audiência das emissoras como equivalente a 240 mil domicílios, a Globo ainda lidera em quinze praças em todo o Brasil com média de 16,4 pontos (dados de julho de 2016). Embora continue atrás, a Record é a emissora que mais cresceu no último ano – muito em função de suas novelas de cunho religioso – saltando de 5,6 pontos para 6,5.

Especificamente na cidade que será governada por Crivella, segundo a Folha, a Globo liderou nos primeiros nove meses de 2016 com 17,9 pontos, sendo que cada ponto na métrica do jornal equivale a 116,3 mil espectadores individuais. Isso significa que, no Rio, a audiência da Globo gira em torno de 2 milhões de espectadores. A Record vem em seguida, com 802 mil espectadores e o SBT está em terceiro, 779,21 mil.

Líder inconteste de audiência em produto jornalístico no País, o Jornal Nacional teve em 2015 uma queda de mais de 30% de sua audiência em relação a 2012. Na métrica do PNT, foram 5,9 milhões de domicílios ligados diariamente em nível nacional. Os dados foram divulgados em abril passado.

Esses números mostram que a batalha pela audiência vai além dos entraves entre emissoras. Embora não esteja ao alcance da totalidade da sociedade brasileira, a internet é uma ameaça à programação televisiva tradicional. Para se ter ideia, o Brasil já produziu webcelebridades que batem programas da Globo em número de seguidores e visualizações únicas.

Há quem dê dicas de beleza no Youtube com mais seguidores do que a Globo tem de audiência no Rio. Os chamados “digital influencers” já foram convidados para promover a Rio 2016 pelo governo federal e assumiram, na semana passada, a bancada de entrevistadores do Roda Viva com Leandro Karnal e Luis Felipe Pondé. Isso sem falar de como cairam no gosto dos departamentos de marketing das grandes empresas.

O nordestino Whindersson Nunes, que lidera o ranking com vídeos no Youtube sobre temas aleatórios, tem quase 14 milhões de inscritos no canal que leva seu nome. Seus vídeos deixam o JN para trás em número de visualizações únicas.

“Um vídeo em HD do Netflix consome cerca de 3 GB de sua franquia. Uma maratona de House of Cards levará 30 GB em 10 horas. Isso significa que [se o pacote é de 130 GB por mês] você usaria um quarto de sua franquia em apenas 10 horas. Dez horas de um dia! O mês tem 30 dias! (…) Isso porque estou falando só do Netflix. Imagina se você tem roteador em casa e mais três irmãos e pais usando a internet junto…”

O youtuber avaliou que as teles, então, passam a oferecer um serviço pior e ainda mais caro, com a desculpa de que é uma “tendência mundial“. Só que em outros países, as franquias são bem maiores e custam mais barato.

Numa comparação com a empresa XFinity, dos Estados Unidos, um pacote com franquia de 600 GB (muito superior ao máximo que as brasileiras pretendem oferecer] custa cerca de 70 dólares (aproximadamente R$ 220,00). O equivalente aqui seria o pacote da Vivo Fibra, com franquia de 270 GB a R$ 279,00, apontou Castanhari.

Isso tudo num cenário em que o salário mínimo nos Estados Unidos é de 1.279,00 dólares, enquanto no Brasil é de 880,00 reais. “Ou seja, uma pessoa que ganha salário mínimo no Brasil precisa destinar 30% para pagar a internet da Vivo [de 400 GB], enquanto nos Estados Unidos [o pacote de 600 GB] representa 6% do salário mínimo.”

“Sabe quando você chega do trabalho, no final do dia, e quer botar um filme no Netflix ou no Youtube? Então, o cartel da telefonia brasileira quer que você pare de fazer isso. (…) E sabe qual é o grande motivo aí? Eles querem que você assista a TV a cabo que eles mesmos vendem, porque todas as grandes operadoras de internet no Brasil também são de TV a cabo. Só em 2014 eles perderam mais de 1 milhão de assinaturas. (…) Nada mais é essa medida do que um boicote ao Netflix e Youtube“, entre outros produtos da internet, disse o Cauê Moura, youtuber com 4,7 milhões de inscritos em seu canal.

Apesar da campanha contra a internet fixa limitada e reclamação de consumidores nas redes, a maioria das teles não recuou. A Telecom Americas, grupo formado pelas empresas Claro, NET e Embratel, que possui a maior base de clientes, 31% dos 25,5 milhões de usuários de internet fixa no Brasil, disse que a suspensão ao atingir a franquia é legal.

A Vivo, segunda maior e provedora de internet de 28,7% dos brasileiros conectados, foi a primeira a dotar as franquias para novos consumidores. Desde 5 de fevereiro, os clientes de planos ADSL escolhem entre pacotes de 10 GB a 130 GB. Em abril, a medida foi estendida aos novos clientes do Vivo Fibra, que passou a incluir os da GVT. Eles podem navegar de forma ilimitada até janeiro de 2017, quando os limites das franquias serão implementados.

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