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24 de out. de 2014

O velho e o novo Brasil: questões para refletir antes (e depois) das eleições

Parece não ser mais um caminho privilegiado para se pensar as relações e tensões sociais hoje a ideia de que a superação do capitalismo se daria tão somente pela revolução no âmbito produtivo (que em uma análise a partir da lente do “marxismo ortodoxo” se caracterizaria por uma luta quase que armageddônica entre burgueses e proletários). 

Um caminho complementar é que essa superação ocorre por meio das lutas no nível político.

Isso faz sentido haja vista que, a forma como Marx via o Estado, enquanto “comitê executivo da burguesia”, não condiz com a atual configuração da estrutura estatal. Na verdade, o Estado tem se tornado um lugar em disputa, tanto por parte da burguesia, como também por parte dos movimentos sociais e outros sujeitos que tem atualizado o debate histórico proposto pelo grande pensador alemão. E isto no Brasil pode ser visto com bastante clareza.

Em nosso país, o Estado se tornou nos últimos anos um locus onde várias forças se movimentam, e muitas vezes, colidem-se, como mostram os movimentos de junho de 2013. E é o encontro dessas diferentes forças que tem reconfigurando práticas sociais e econômicas em relevo no capitalismo. Isso significa dizer que o capitalismo criou seu “coveiro brasileiro”, que não é o proletário, mas os distintos atores sociais – incluindo aqui os proletários, na luta por seus direitos.

Nesse sentido, é razoável pensar que o debate atual não deveria girar em torno de dualidades, como a entrecapitalismo X socialismo, mas em volta da ideia de como construir um sistema político democrático que emule críticas tanto a um como ao outro. Dito de outra forma: é no aprofundamento da democracia, da liberdade, da participação coletiva nas proposições e nas decisões das políticas públicas que reside a essência das transformações que rumam a uma maior igualdade, liberdade e reconhecimento sociais.

Agora, essa construção democrática que constitui acesso igualitário de todos aos diversos níveis da estrutura do Estado passa a ser visto como ameaça à democracia liberal, que a pensa tão somente em termos conceituais, econômicos e de manutenção de status quo, quando na verdade, o que acontece hoje, em boa medida, é a expansão da democracia do ponto de vista do social. Questão chave: não é ponto de discussão primordial se esse processo de avanço democrático chama-se “socialismo”, ou outro “ismo”, mesmo por que um conceito não deve enevoar ou obscurecer uma prática, ainda mais quando esta mostra-se mais justa e razoável do que aquilo que a história política, econômica e social da nossa nação nos revela.

É esse tipo de visão que olha para a sociedade por meio de conceitos prontos, e por análise puramente econômica é que gera, por exemplo, esse discurso o qual apregoa que “o Brasil está se tornando uma Cuba, uma Venezuela”, etc, e responde, por seu turno, a um interesse de classe, que busca desestimular alterações na estrutura de poder e de dominação. Além disso, tem como propósito barrar uma discussão fundamental – da qual nós, cristãos, precisamos participar , qual seja: como fazer justiça social dentro do contexto brasileiro, marcado pela desigualdade, pela discriminação racial e de gênero, pela violência e pela relação promíscua entre Estado, sistema político e setor privado.

Tal conjunto de problemas que caracterizam nossa “jabuticaba” está aí há séculos, e não há interesse dos grupos dominantes em discuti-los. Isso porque nossa elite, que não quer ser informada socialmente, tem sua “democracia de clube”, de poucos, e luta para mantê-la intocável, sob a justificativa de que já vivemos, de fato, numa “democracia plena”. Contudo, aqueles que foram colocados à margem da história começam a por em xeque esse vernáculo de classe, e tem buscado construir, por assim dizer, um sentido novo de democracia, para além daquele que visualizamos no retrospecto histórico do Brasil.

É uma história que está sendo reescrita por outros autores, com outros sons e cores, diga-se de passagem.

Pensemos nisto nestes dias, e que Deus nos abençoe ricamente.

Por Cleiton Maciel Brito
Amazonense, 26 anos, doutorando em Sociologia na Universidade Federal de São Carlos, e membro da Igreja Presbiteriana do Coroado III em Manaus.

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