Não sou cientista político e a minha formação não é em Ciências Políticas, todavia, nada me impede como mero eleitor santacruzense, dono unicamente de meu próprio voto, de fazer uma leitura com o devido distanciamento crítico que sempre pautou a minha vida, a minha postura diante dos fatos.
Então, como ler a mensagem das urnas de Santa Cruz, no tocante a campanha presidencial, apurados os votos do primeiro turno? Claro que não vou me deter em todos os aspectos, mas faço aqui algumas breves considerações:
1° - A votação de Haddad foi de 9.O58 votos, contra 4.69O de Bolsonaro. A primeira observação é a de que a votação pró Haddad FOI DE QUASE O DOBRO DOS VOTOS.
2º - Se levarmos em conta uma identificação do eleitor com o posicionamento ideológico dos candidatos, a soma dos VOTOS de uma tendência CENTRO-ESQUERDA, que engloba Haddad e Ciro, perfez um total de 13.192 votos, ou seja: quase 8.5OO votos a mais do que os votos obtidos por Bolsonaro.
O que explica isso? Vou analisar sob dois aspectos: o político, e portanto, o da campanha eleitoral em si, e o da percepção social do povo.
Vejamos: o governo municipal, que é do MDB e não pediu votos para o candidato do MDB, que era Meireles, mas cujo esposo, Tomba, candidato a deputado estadual e principal liderança política de Santa Cruz e da região do Trairi, que é do PSDB e não pediu votos ao candidato de seu partido, pelo menos não EM PALANQUE, porque obviamente, como declarou posteriormente na rádio Santa Cruz, tinha como opção íntima o candidato Bolsonaro, não revelando estrategicamente a sua opção, tratou de garantir os votos para a sua reeleição de eleitores de todos os lados que reconhecem o seu trabalho ao logo dos anos pela cidade. Não estou aqui julgando o mérito do reconhecimento disso, cada um deles, seja de qual partido for, ou mesmo sem aderência partidária alguma, tem a sua avaliação pessoal desse trabalho, e isto se refletiu em seu ótimo desempenho. Eu posso, no máximo, intuir que isso se deu pelas obras realizadas ao longo dos anos em Santa Cruz, que têm no plano municipal, as marcas de seu empenho pessoal e o de sua esposa Fernanda. Então como ler a votação do ponto de vista ideológico, uma vez que os votos foram sobejamente pró-centroesquerda, leia-se Haddad e Ciro? Uma possibilidade, como disse acima, foi o vazio de não terem Tomba e Fernanda assumido abertamente o candidato Bolsonaro no primeiro turno.
O segundo aspecto é a percepção da população sobre a transformação social ocorrida em Santa Cruz nos 13 anos de governo do PT, cujas obras estruturais foram realizadas com recursos provenientes, em quase sua totalidade, do Governo Federal. Cito: O Cartão Postal da Cidade, que é o Alto de Santa Rita, a construção da UFRN e do IFRN, somados a isso, acrescentaria os programas sociais do Bolsa Família, Construção de Creche, o CRI, a UPA do Paraíso, construção do Centro Esportivo Iberê Ferreira de Souza, quadra esportiva do Paraíso, recebimento de máquinas de grande porte do governo federal, SAMU, transporte escolar, programa Minha Casa Minha Vida, crescimento do Hospital Universitário Ana Bezerra, Construção do Parque Ecológico, Vila de Todos e funcionamento do extinto Projeto Cidadão do Amanhã, estas últimas não tenho certeza se com recursos federais, ou se apenas com co-participação do estado e do próprio município. Mas é fácil verificar e algum leitor pode me ajudar.
Creio que estes são os fatores de maior visibilidade, e isto se dá porque o povo do Nordeste costuma ser grato, o que resultou tanto nos votos de Haddad, quanto nos de Fátima Bezerra, que na condição de deputada federal e depois senadora, canalizou recursos na esfera federal, tanto quanto através do trabalho e empenho pessoal do deputado Tomba na consecução também destes recursos, sobretudo no que se refere ao Auto de Santa Rita.
Agora no segundo turno, outra leitura revelará as urnas, eu não sei qual é, mas algo a distinguirá: de um lado o anúncio claro de quem é o candidato da prefeita e do deputado, portanto, o seu próprio prestígio pessoal, e do outro a percepção social de cada eleitor do que se transformou a cidade de Santa Cruz, e por obra de quais forças políticas que agiram nos prósperos anos de desenvolvimento estrutural e social de Santa Cruz. O Bom é quando a população, em sua sabedoria, consegue distinguir as coisas, e fazer jus, por sua gratidão, a todos que contribuem com o desenvolvimento do município. Quem leu até aqui, muito obrigado e bom voto. Este é o sagrado direito que a democracia nos dá.
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